“Em um tempo que não é tempo, em um lugar que não é um lugar, eu escrevo. Sobre um grande rei, Sláine Mac Roth, que governou um império que não era um império, em um passado que não era o passado, nem mesmo o futuro, mas a eternidade. Por que as lendas são imortais.”Com estas palavras tem início uma das mais fantásticas sagas já vistas no mundo das HQs. Sláine - O Deus de Chifres, escrito por Pat Mills e desenhado primorosamente por Simon Bisley, tornou-se um marco na carreira destes artistas, além de alcançar grande sucesso ao redor do mundo.
Sláine, o guerreiro irlandês de eras mitológicas, foi criado por Mills e sua esposa Angie Kincaid em 1982 para a revista britânica 2000 AD. Durante seus primeiros sete anos, o personagem teve uma carreira modesta nas páginas em preto e branco daquela publicação. Contudo, Sláine já demonstrava um grande potencial artístico, superando a impressão inicial de que ele era apenas mais uma imitação de Conan, o bárbaro criado por Robert E. Howard e sensação dos quadrinhos na década de 1970.
Profundamente inspirada na Mitologia Celta, especialmente na pseudo-história da Irlanda contida no“Livro das Invasões” (Lebor Gabála Érenn), a criação de Mills e Kincaid explorou diversos aspectos da literatura fantástica, chegando até a incluir um pouco de Ficção-Científica nas tramas. Estes anos iniciais mostraram o jovem Sláine sendo exilado de sua tribo, viajando como ladrão de gado, mercenário e, finalmente, retornando para a sua terra natal onde se torna rei. Então, em 1989, surgiu a primeira história colorida do personagem. Os painéis foram pintados por Bisley, uma tendência que vinha ganhando força na época. Este primeiro ciclo colorido durou cerca de um ano e evidenciou o talento literário de Pat Mills.
O Deus de Chifres narra a épica aventura de Sláine na tentativa de unir as tribos da Irlanda contra a ameaça dos Lordes Drunes, malignos sacerdotes que deturparam a religião da Deusa Terra. Os Drunescontam com os monstruosos fomorianos como aliados, e são muito mais poderosos. Para derrotar estes inimigos, Sláine deverá juntar os quatro objetos sagrados da Irlanda e, tendo a Deusa Terra Danu como guia, trilhará o caminho para se tornar o novo “Deus de Chifres”.
Personagens excepcionais e magnificamente desenvolvidos permeiam a história. Alguns até poderão achar que O Deus de Chifres tem muito texto e pouca ação, mas sem esta característica, Sláine seria apenas mais um bárbaro cortando cabeças. Um dos grandes destaques fica para o personagem Ukko, o anão. Ukko, um sujeito pouco honesto, muito malandro e pervertido é o grande companheiro de aventuras de Sláine. Atuando como narrador da trama, ele tem a oportunidade de reescrever a sua participação na história e, não raro, o vemos exaltar suas virtudes enquanto os desenhos mostram exatamente o contrário.
Mini-série, parte 4 de 7, da editora Pandora Books, de 2001, formato americano com 32 páginas coloridas. REVISTA USADA EM ESTADO DE BANCA