Elektra é uma personagem criada por Frank Miller durante sua fase na revista do Demolidor. Na ocasião da publicação desta minissérie ela estava morta. Portanto, Miller resolveu contar uma história do seu passado, e defini-la de uma vez por todas. É importante entender que esta é uma obra conceitual. Em um enredo comum, o foco costuma ser um acontecimento. Aqui, o foco é Elektra Natchios. Partindo desse princípio, os autores tiveram a liberdade de criar uma obra surrealista e o que é mostrado ao leitor nem sempre está acontecendo. A arte traduz tudo isso de maneira incrível.
Destaque na qual acontece uma cena em que a personagem (que estava sob efeito de um alucinógeno) recupera a consciência. Para retratar isso, o quadro em questão foi recortado em pedaços que parecem amarrados por linhas, cada vez mais juntos.
É um desafio encontrar todas as inovações contidas nesta obra. Frank Miller e Bill Sienkiewicz (um dos nomes mais impronunciáveis da indústria, mas de um talento incrível) tiveram liberdade para criar uma história autoral. Para dar vida às páginas, o desenhista utilizou pintura, passou por desenhos a lápis, fotocópias, grampos e até - pasme - guardanapos!
Tudo isso já seria bastante para construir um clássico no aspecto visual, mas ainda é necessário citar o enredo. Além de criativo, é ácido a ponto de criticar as instituições norte-americanas e reduzi-las a uma gigantesca piada. Apesar de escrita em 1986, alguns dos temas retratados são válidos até hoje, como o presidente (então Ronald Reagan) megalomaníaco.
A S.H.I.E.L.D. (uma agência de espionagem que atua no universo Marvel) , costuma representar a supremacia dos Estados Unidos, mas Miller destrói esta imagem. Corrupção, incompetência, desprezo pelas regras, tudo faz parte da organização no mundo criado pelo autor.
Os agentes Garret e Perry, são criminosos sem o menor senso de justiça, cometem erros absurdos e sempre são levados ao ridículo. Até mesmo o Coronel Nick Fury dá suas mancadas!
Garrett ganha importância no decorrer da trama e funciona como um oposto de Elektra. Apesar disso, o relacionamento dos dois é como uma dança sensual, ora se odiando, ora se amando. Pode parecer estranho, mas se encaixa perfeitamente no enredo.